sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O marco

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Desde aquele dia, morro a cada manhã.
Aquele dia se fez como uma estaca no tempo,
Marcando o antes e o depois como atração e repulsão,
Respectivamente.

Desde aquele dia, desejo somente aquele dia.
Aquele dia me fez ao avesso.
O passado é presente, o passado é futuro, ainda espero o começo,
Ansiosamente.

Desde aquele dia, não durmo.
Aquele dia se fez como um ladrão de sono.
Exausto caí, ronquei tão alto no sonho que não consegui dormi,
Infelizmente.

Desde aquele dia, estou sem chão.
Aquele dia me fez descobri que nada sei sobre paixão.
Já estudei a Bíblia, o Corão, Buda, Aristóteles e Platão,
Inutilmente.

Desde aquele dia, não me impressiono.
Aquele dia se fez para eu impressionar apenas com aquele dia.
Nem o avião, computador, rádio, televisão, metrô ou microscópio.
Inexplicavelmente.

Desde aquele dia, não sorrio.
Aquele dia me fez feliz por um dia e infeliz por todos seguintes.
A esperança fundida com a saudade, como uma espada, cortam,
Dolorosamente.

Desde aquele dia, sou inimigo saudável do calendário.
Aquele dia se fez como probabilidades impossíveis.
Foi o fim de uma expectativa e expectativa de um início,
Simultaneamente.

Desde aquele dia, escrevo somente cartemas.
Aquele dia me fez confuso.
Desenvolvi uma habilidade: quanto mais falo, menos sou compreendido.
Incrivelmente.

Desde aquele dia...
Aquele dia se fez...
Estou sem palavras,
Finalmente.

Um comentário:

OpostoposTo disse...

Desde aquele dia...
Aquele dia se fez...
Estou sem palavras,
Finalmente.